sexta-feira, 27 de julho de 2012





          NILSON E ROSA, BODAS DE RUBI

                                               Por Nilson Montoril

Nilson Montoril de Araújo, ainda "fininho"(com 29 anos) e Rosa Maria Lima de Araújo(com 25 anos),passeando nos campos da Fazenda Nazaré, em Santo Antônio da Pedreira, aproveitando o feriado de 1º de maio de 1973.Rosa estava gestante do Nilson Júnior, que nasceria no dia 6 de junho do mesmo ano.
                        O Padre Lino Simonelli, sacerdote do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras-PIME, costumava dizer que “a vida é curta como a folha do mastruço”. De fato, a folha do mastruço ou matruz tem tamanho bem reduzido, mas contém propriedades medicinais incontestáveis. Eu, Nilson Montoril de Araújo, nascido no dia 2 de maio de 1944, filho de Francisco Torquato de Araújo e Olga Montoril de Araújo, estou atualmente transitando pelo 68º ano de minha existência, idade que antes era julgada elevada, mas no momento pouco tem influenciado no meu modo de levar a vida. Tenho ao meu lado minha esposa Rosa Maria Lima de Araújo, uma mazaganense natural da localidade de “Sossego do Rio Maracá Mirim”, a qual conheci no dia 29 de junho de 1965, por ocasião da festa junina alusiva a São Pedro, realizada pela Escola Paroquial São José, no Largo do Formigueiro. 
Rosa Maria Lima de Araújo, na sala da nossa residência entre o pai Raimundo Ferreira Lima e a mãe Anacleta Ferreira Lima, Dona Mulata. À época, meus sogros ainda moravam na localidade de Sossego do Rio Maracá Mirim. Eles ainda vivem. Seu Raimundo Lima fará 97 anos dia 31 de agosto. Dona Anacleta Martins tranzita pelos 94 anos.

Á época, a Rosa tinha apenas 17 anos e eu 21. Até aquele momento eu me dedicava em tempo integral aos estudos, ao escotismo e a narração esportiva na Rádio Difusora de Macapá. O namoro me fez refletir melhor em relação a tantos compromissos. Deixei de lado os acampamentos e as excursões pelo interior, devotando-me aos estudos, ao trabalho e ao romance que despontava. A simplicidade e a compreensão da Rosinha foram fundamentais para que o namoro desse certo. Devido tratar-se de uma jovem de 17 anos, decidi ir ao Sossego para pedir licença a seus pais, Raimundo Ferreira Lima e Anacleta Martins de Lima.

Rosa(vestido mais longo) e sua irmâ Ana Maria (que viria a casar com o Luiz Melo Ferreira), no pátio da Escola Paroquial São José, por ocasião da festa alusiva a São Pedro, dia 29 de junho de 1965. Rosa tinha 17 anos e a Ana se aproximava dos 15 anos.Elas eram alunas do aludido estabelecimento de ensino(mantido pela Prelazia de Macapá). Foi neste dia que eu  conheci a Rosa e decidi que ela seria minha namorada.

 O casal sempre manteve boas relações de amizade com meu genitor Francisco Torquato de Araújo e isso me ajudou bastante. Após a autorização requerida eu e Rosa imediatamente engrenamos um namoro que se estendeu por sete anos, quatro deles decorrentes de minha ausência para cursar administração na Universidade Federal do Pará. Víamos-nos apenas por ocasião das férias. No mesmo período dos meus estudos universitários a Rosa trabalhou no comércio e estudou no Instituto de Educação do Território Federal do Amapá. Eu e Rosa casamos no dia 21 de julho de 1972, na casa de meus pais, em solenidade dirigida pelo Juiz de Direito, Clemanceau Pedrosa Maia, amigo da família. A Tabeliã do Cartório Jucá, Alice de Araújo Jucá, minha tia pelo lado paterno, lavrou o registro de casamento, o qual foi assinado pelos nubentes e testemunhas.

Esta  fotografia foi tirada em dezembro de 1973, por ocasião dos festejos natalinos na Rádio Educadora São José Ltda,  que pertencia à Prelazia de Macapá. Rosa aparece à minha direita e eu tenho nos braços o Nilson Júnior, que olha atentamente para o Padre Jorge Basile, diretor da emissora. O fotógrafo só apanhou parte do rosto do sacerdote,mas a barba branca dele é incunfundivel.

 Na ocasião eu estava com 28 anos e a Rosa com 24 anos. Geramos Nilson Montoril de Araújo Júnior (6/61972), Débora Lima Montoril de Araújo (6/8/1976) e Francisco Torquato de Araújo Neto (19/12/1978). Júnior é casado com Aneliza Smith Brito e com ela tem os filhos Lucas Smith Brito Montoril de Araújo (24/1/2007) e Gustavo Smith Brito Montoril de Araújo (2/6/2011). Débora casou com Ewerton Dias Ferreira (7/2/1976), nascendo desta união o Ewerton Rodrigo de Araújo Ferreira (22/12/1998) e o Júlio César Montoril de Araújo Ferreira (10/11/2008). O Torquato e sua consorte Aline Suzan da Silva Santos geraram a Olga Fernanda dos Santos Araújo (2/11/2006), a única mulher no grupo de 5 netos 

Rosa, gestante, esperando nosso terceiro filho,o Torquato, tendo a Débora e o Nilson Júnior ao seu lado esquerdo, postada no meio dos trilhos da Estrada de Ferro do Amapá, aguarda a viagem que nos levou a Serra do Navio, em julho de 1978. Nossa intuição quanto ao sexo dos filhos não falhou. Á época ainda não se fazia exames de ultra-sonografia.

Nossa vida sempre foi tranqüila e livre de afetações, condições que esperamos manter até o fim de nossa existência. Neste singelo artigo, eu, que tanto divulgo facetas da vida de tanta gente, decidi postar algumas fotografias que registram momentos importantes da história da minha família.

Nilson Júnior, Débora e Torquato Neto sobre o muro em frente ao primeiro edificio erguido na Avenida Dioguinho,Praia do Futuro, em Fortaleza/CE. Em janeiro de 1983, passamos férias em Fortaleza e ficamos alojados em um apartamento do referido prédio. Em 1980, quando fiz pós-graduação na capital alencarina, eu, Rosa e nossos filhos residimos na Aldeota, entre agosto e dezembro.
                        Concordo com o Padre Lino quanto à brevidade da vida. Cada fração de segundo da vida de um ser humano precisa ser valorizada e bem aproveitada, haja vista que o tempo é implacável. Graças a DEUS, eu soube aproveitar minhas oportunidades para bem viver. Rosa também teve seus obstáculos, mas conseguiu ultrapassá-los. Alcançamos nossas bodas de rubi cuidando unicamente da nossa família e relegando ao esquecimento as maledicências das pessoas que vivem tentando infernizar a existência de seus semelhantes. A comemoração das bodas de casamento é coisa antiga. Boda vem do latim votum, que significa promessa. Em todas as bodas festejadas se faz a renovação da promessa evidenciada no dia do casamento.
Nilson Montoril e Rosa Araújo na praia do Futuro, em Fortaleza, em agosto de 1980. No ano em questão,residimos em Fortaleza durante 5 meses. No período mencionado fiz o curso de especialização de "Planejamento do Desenvolvimento Social", ministrado  no CETRED/UFCE. Foram momentos de muito deslumbramento para as crianças.

 Foram os romanos os iniciadores do uso do anel como sinal de compromisso ou aliança. O anel é o símbolo da aliança entre as pessoas que casam. A palavra aliança decorre de aliar, isto é, unir, harmonizar. A união dever ser imorredoura, infinita, contínua como o circulo que o anel representa. Data do ano de 1800, a escrita na parte interna do anel ou aliança: "Para Sempre", "Te Amo", ou o nome dos noivos. Eu e Rosa usamos aliança há 43 anos. Elas eram sextavadas, mas agora, devido ao tempo de uso, ficam lisas. Na aliança da Rosa está escrito "Nilson". Na minha consta o nome "Rosa". 
Foto tirada no Circulo Militar de Macapá, em 1996, por ocasião da colagão de grau dos alunos da turma de Direito da Universidade Federal di Amapá, da qual fazia parte Nilson Montoril de Araújo Júnior. O flagrante mosta, no canto inferior direito da fotografia, minha irmã Neyde Montoril de Araújo Nunes. Nilson Montoril e Rosa Araújo,sentados e Nilson Júnior em pé,atrás dos pais.
As Bodas de Casamento são comemoradas pelos casados na forma de um calendário simplificado aceito em todo o Brasil, mas pouco conhecido. No calendário simplificado, os 10 primeiros anos de casamento podem ser festejados ano a ano até 10 anos de união. A partir daí, cumpre-se um intervalo de 5 anos: 1 ano (Algodão); 2 anos(Papel); 3 anos(Couro); 4 anos(Flores); 5 anos(Madeira); 6 anos(Açúcar); 7 anos (Lã); 8 anos(Bronze); 9 anos(Vime), 10 anos(Estanho); 15 anos(Cristal); 20 anos(Porcelana); 25 anos(Prata); 30 anos(Pérola); 35 anos(Coral); 40 anos(Rubi); 45 anos(Safira); 50 anos(Ouro); 55 anos(Esmeralda); 60 anos(Brilhante); 75 anos(Diamante); 80 anos(Carvalho).  Existe um calendário que se estende de um a 100 anos. As  duas maiores datas se referem a 25 anos(Bodas de Prata) e 50 anos(Bodas de Ouro).

Esta fotografia, que data de 2 de maio de 1973, tem um profundo valor sentimental. No pátio da casa onde eu e Rosa residimos após nosso casamento, vemos, a partir da esquerda da foto, tia Alice Araújo Jucá, Rosa Maria Lima de Araújo, minha irmã Nice Montoril de Araújo, minha madrasta Zuila Jucá de Jucá Araújo com meu irmão Francisco Robério Jucá de Araújo. Sentado no batente da escada vemos meu tio Jacy Barata Jucá. Em pé, meu pai Francisco Torquato de Araújo. O flagrante ocorreu após o almoço pela passagem do meu aniversário(29 anos) e eu atuei como fotógrafo.

Eu e Rosa alimentamos vivas esperanças de podermos comemorar nossas Bodas de Ouro, coisa que não é impossível de ocorrer. Se DEUS nos conceder essa ventura, estaremos 10 anos mais velhos, conservando o espírito sempre elevado e jovem. O futuro a DEUS pertence, por isso sempre rogamos sua proteção.

No carnaval de 2001, o Grêmio Recreativo Cultural Unidos do Buritizal me prestou uma belissima homenagem com o enredo " NILSON MONTORIL, O BALUARTE QUE A VIDA ESCULPIU". Em um dos carros alegóricos, eu e a Rosa ficamos em lugar de destaque.Também contamos com a participação de meu irmão Robério Jucá de Araújo e da minha irmã Nice Montoril de Araújo. O samba de enredo, segundo os julgadores do quesito, obteve o 1º lugar. Unidos do Buritizal ficou em 5º lugar naquele desfile.
Nilson Montoril e Rosa Araújo em visita ao Bosque Rodrigues Alves, em 1996, na cidade de Belém. Sentados em um tosco banco de madeira, relembraram o tempo de namoro.




Em 1970, no decorrer das férias do mes de julho, eu e Rosa aproveitamos uma manhã de domingo para darmos um volteio pela cidade de Macapá. Nosso meio de transporte era uma bicibleta monarck, verde e branca, modelo Copa do Mundo-1966, que eu havia comprado na Casa Leão do Norte. Equipei a bicicleta com dímamo, farol, farolete trazeiro e buzina para melhor segurança ao trafegar à noite. O modelo 1966, foi o primeiro a ter a barra forte circular. Sobre o páralama dianteiro havia uma pequena bola de futebol, feita de plástico, muito cobiçada pela molecada. A forografia foi tirada na margem da Av Independência, em frente ao então Forum de Macapá. A beleza da Rosinha dá um toque todo especial à imagem.


Nilson Montoril e Rosa Maria na frente da casa de Francisco Torquaro de Araújo, em julho de 1971. Tinham acabado de chegar de um passeio na bela bicicleta monarck Copa do Mundo-1966. A casa branca que aparece ao fundo era a antiga Cadeia Pública da Vila de Macapá, feita em taipa de pilão, com paredes que tinham ceca de 50 centímetros de largura.O prédio foi demolido para favorecer o alargamento da Avenida General Gurjão.Nele morava o casal Jaime Hamar e Benedita.


Nilson Montoril e seus netos. Rodrigo (em pé), Gustavo (sentado no ombro esquerdo do avô), Lucas (camisa azul), Olga Fernanda (sorriso largo) e Júlio César (camisa amarela).


Eu e minha esposa Rosa, dia 2/5/2012, quando completei 68 anos de idade.

Nilson Montoril, com genro Ewerton e as noras Aline (camisa cinza) e Aneliza (camisa azul)

quarta-feira, 11 de julho de 2012




  MOISÉS ELIEZER LEVY

                                          Por Nilson Montoril

Painel contendo fotografias que datam de 1/12/1918, relativas ao cortejo de carros alegóricos pró criação do Estado de Israel realizado naquele dia. No carro intitulado "Palestina", em destaque, sentada em um trono e usando um longo vestido nas cores azul e branco ia a jovem Haila. Atrás dela aparecem o Major Levy (sentado) e Abhaham Ribinik(em pé). As corres da Estrela de Davi predominaram no cortejo. As outras duas fotografias do painel mostram Moisés Eliezer Levy.(livro Judeus no Brasil).
                        Em 1870, várias famílias de ascendência israelita, cujos integrantes viviam em Casablanca e Rabat, no Marrocos, migraram para o Brasil e se estabeleceram no Estado do Pará. Entre os migrantes provenientes de Rabat estava o casal judeu marroquino Moisés Isaac Levy e sua esposa. Os judeus vindos do Marrocos eram recebidos em Belém por membros das famílias Nahon, Serfatty,Israel e Roffé que já residiam na cidade porque tinham negócios com empresas inglesas e francesas.Em 29 de setembro de 1877, nascia em Belém mais um rebento, Moisés Eliezer Levy.Este nome é muito significativo do ponto de vista histórico. Moisés é Moshe em hebraico, e foi dado em homenagem ao grande líder que retirou os hebreus do cativeiro no Egito. Moisés foi membro da tribo bíblica de Levi, cujos integrantes tinham funções distintas no Templo. Moshe, entretanto, não era descendente de Arão. Eliezer lembra o segundo filho de Moisés e Zipora e significa “o que Deus ajuda”, O nome também faz lembrar Eliezer de Damasco, filho de Niulore, e cabeça do patriarca da casa de Abraão, citado no livro Gêneses e Eliezer, o Profeta.
Fotografia tirada no interior do atual prédio da Sinagoga de Belém, "Shaar Hashamayan"contruida pelo engenheiro Judah Eliezer  Levy, filho do Major Eliezer Levy. A primeira casa de orações foi instalada em 1824, na residência de José Banjó, à Rua do Pelourinho, atual 7 de Setembro, cujo líder era Abraham Acris. A sinagoga "Eshel Abraham"(Bosque de Abrão) foi a primeira do Brasil Império. A segunda sinagoga, a "Shaar Hashamaim( Porta do Céu), surgiu em Belém, em 1889,por iniciativa de Leão Israel.

 Após quase dez anos de aclimatação, passados em Belém, o casal foi residir na Ilha Grande de Gurupá, onde Moisés Isaac Levy se dedicou ao comércio, obtendo bons lucros com a compra e venda da borracha. O menino Eliezer Levy iniciou seus estudos em Gurupá e os concluiu na capital do Pará. Sua genitora integrava a dinastia rabina de Dadela (D’avila), cujo membro mais famoso era o Rabi Eliezer Dadela, cognominado a “Luz do Ocidente” (Ner há-Maarabi). Em 21 de março de 1900, aos 23 anos de idade, seguindo a tradição da fidelidade religiosa, judeu casa com judeu, Eliezer Levi casou com Esther Levy Benoliel, então com apenas 13 anos de idade, filha de David e Beliza Benoliel, descendentes de ilustre família judaica do Marrocos que residiam na cidade de Cametá. O casal teve sete filhos, entre eles a escritora Zultana Levy Rosenblatt.  Ele também se dedicou ao comércio e montou sua própria firma comercial, a E. Levy & Cia-Comissões e Consignações. A partir de 1910, integrou a empresa Majus Ruber Company e depois gerenciou a firma C. B. Merlin, constituída por italianos e voltada para a navegação. Formou-se em direito e, no período de 1918 a 1926, passou trabalhar no escritório de advogacia de Francisco Jucá Filho e Álvaro Adolfo da Silveira. Francisco Jucá era Procurador Geral da República no Pará e Álvaro Silveira exercia o cargo eletivo de deputado estadual e chefe do Partido Conservador. Neste espaço de tempo Eliezer Levy também já atuava na política paraense como filiado do Partido Republicano Federal. Graças a sua intermediação, o escritório prestou relevante apoio às entidades hebraicas com serviços de datilografia e orientações para melhor condução das discussões sionistas. Foi importante membro da Grande Loja Maçônica do Pará, chegando ao grau 33 e sendo elevado à condição de Grande Benemérito de sua ordem. Sempre ligado as questões sociais e comunitárias, fundou uma escola para moças denominada Dr. Weizzman. Cerca de 60 jovens passaram pelo aludido estabelecimento de ensino, do qual o major Eliezer Levy era o diretor.

Este flagrante fotográfico é da década de 1950, mostrando o Trapiche Eliezer Levy totalmente reformado.Observa-se que o muro de arrimo da frente da cidade no sentido do Igarapé das Mulheres ainda não havia sido construido.Ao longo do trapiche, no lado esquerdo, havia duas escadinhas que levavam à praia.Á direita ficava a carga não perecivel destinada aos órgãos governamentais. Vemos em preto, um tanque para ar,azenas conbustível, que era destinado à Usina de Força e Luz .Construido no decorrer da primeira gestão do major Eliezer Levy à frente da Intendência Municipal a partir de 1932, a longa ponte serviu de atracoradouro de embarcações  e local para embarque e desembarque de cargas e passageiros.(Foto emprestada do blog do João Lázaro)

A unidade escolar tinha currículo oficial no curso primário e ensino hebraico e profissionalizante ou técnico para as meninas poderem ser donas de casa eficientes e prendadas. O corpo docente estava assim constituído: Moisés Binlolo lecionava hebraico; Luza Cerdeira ensinava bordado à máquina; a senhorita Sarah Rofé ministrava as aulas do curso primário; a senhorita Anna Ismael Nunes conduzia as aulas de renda à mão, contando com o auxilio da senhorita Annita Levy, filha mais velha do diretor da escola. No dia 1º de dezembro de 1918, Eliezer Levi liderou a comunidade judaica de Belém numa expressiva manifestação pública a favor da “Declaração Balfour”. Ele próprio participou do belo cortejo de carros alegóricos externando os mesmos anseios que os judeus desenvolviam em todo o mundo visando à liberdade da Palestina. No seu carro, muito bem ornamentado, o major Eliezer Levy estava ao lado de seu amigo Abraham Ribinik, postado atrás de uma espécie de trono que evidenciava a beleza da jovem Haila. Esta senhorita era a filha primogênita do major, conhecida na intimidade familiar como Annita ou Alita. Á frente do carro constava uma faixa com os dizeres “Salve Palestina Livre”. Outras duas importantes iniciativas de Eliezer Levi foram: a fundação do Comitê “Ahavat Sion”, ou Amor a Sião, em português e o jornal “Kol Israel” (A Voz de Israel), que circulou de 8 de dezembro de 1918 a 1933. Desde o ano de 1922, Eliezer Levy. O Comitê Israelita do Pará surgiu em 1918, substituindo a Sociedade Guemilut Hassadim Shel Ribi Shimon Bar Yochai,fundada em 1890.
O barco regatão que vemos acima, o "Levy III" pertenceu a Samuel Levy, filho de Isaac Moisés Levy e da amazonense Cândida Ferreira Gato. Os Levy do Amazonas são parentes dos outros Levy procedentes de Tânger, no Marrocos. Samuel Levy também era proprietário do Bar Panorama. Ele aparece na proa do barco.
                        Eliezer Levy sabia que as questões de ordem institucional só podem ser resolvidas e definidas por via política. Por essa razão, participou da política paraense, tornando-se amigo e correligionário de Magalhães Barata. Em 1932, à conta desta amizade e militância política, Eliezer Levy, já ostentando a patente de coronel da Guarda Nacional foi nomeado intendente do município paraense de Macapá, permanecendo no cargo até 10 de fevereiro de 1936, ocasião em que tomaram posse o primeiro prefeito eleito de Macapá, Francisco Alves Soares e sete vereadores. Em 10 de novembro de 1937, em decorrência do golpe do “Estado Novo”, Getúlio Vargas, Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, extinguiu os partidos políticos e fechou o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais. Conseqüentemente, o prefeito e os vereadores perderam seus mandatos. Entre novembro de 1937 e setembro de 1942, revezaram-se na Prefeitura, por um breve período, Francisco Porfírio Soares, Secundino Braga Campos, Hermes de Azevedo Mendes, João Ferreira de Sá e Silvio Ferreira de Sá. Em setembro de 1942, o coronel Moises Eliezer Levi voltava a dirigir a comuna macapaense. Dia 1º de julho de 1944, foi substituído pelo Dr. Odilardo Silva. Graças a seu empenho, foi construído o trapiche de Macapá, erguido o mercadinho “2 de Julho”, abertos os primeiros 25 quilômetros da estrada Macapá-Clevelândia, erigida a capela de Nossa Senhora da Conceição no cemitério São José e feitos outros melhoramentos na cidade. Em 1934, deu total apoio à comunidade católica para a implantação do Círio de Nazaré em Macapá. Ele ainda foi prefeito de Afuá. Faleceu em Belém, dia 1º de janeiro de 1947, com  pouco mais de 69 anos de idade.


A fotografia aérea em destaque é do final da década de 1970, e foi tirada por Humberto Cruz, proprietário do Foto Galeria, à época o mais famoso de Macapá. Rm primeiro plano vemos o Estaleiro Naval Territoruial com sus trilhos para guindar embarcações para reformas, o inicio da Av.Padre Júlio Lombaerd ja aterrado, as casas da Rua da Praia, o inicio da Av. Profª. Cora de Carvalho, o Macapá Hotel, a Rua Visconde de Souza Franco e o inicio da Av. Siqueira Campos(Mário Cruz). Ao lado do hotel ainda podia ser visto o prédio do Mercadinho "2 de Julho".A Praça Veiga Cabral tinha uma parte urbanizada ,mas a área que abriga o Teatro das Bacabeiras ainda estava limpa. Observe ao longe a pista do atual aeroporto de Macapá, construida em 1958, pelo Governador Pauxy Nunes. O trapiche Eliezer Levy tinha iluminação em suas laterais e a "cabeça da ponte" era larga, favorecendo a manobra de carros.Havia 10 embarcações do governo atracadas na ponte.