segunda-feira, 30 de setembro de 2013

LINCOLN GORDON VISITA MACAPÁ


           LINCOLN GORDON VISITA MACAPÁ

           Por  Nilson Montoril


Professor de economia da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Abraham Lincoln Gordon veio para o Brasil para ocupar o cargo de embaixador daquele país e teve papel importante na articulação do golpe militar de 1964, que levou o Brasil a uma ditadura que se estendeu até 1985. São raras as fotografias onde ele aparece sem o seu famoso cachimbo.
                        Na manhã do dia 28 de setembro de 1964, desembarcava no aeroporto internacional de Macapá uma comitiva liderada pelo embaixador norte-americano no Brasil Prof. Lincoln Gordon.O grupo de ilustres visitantes foi recepcionado  pelo general Luiz Mendes da Silva, o primeiro governador do Território Federal do Amapá após a revolução militar ocorrida a 31 de março do ano supra mencionado. O general Luiz Mendes estava acompanhado de sua esposa Inah Silva e por assessores mais diretos do 1º escalão governamental, entre os quais, o economista Roberto Rocha Souza, cujo cargo de Secretário Geral equivalia ao de vice-governador. A comitiva visitante estava assim constituída: Abraham Lincoln Gordon e sua esposa Allison Wright Gordon; Alfred L. Ranbone (adido mineralógico); Jack Wyant (Serviço Informativo e Cultural); Edmundo Wagner (Aliança Para o Progresso); Robert W. Dean, principal “officer” em Brasília e esposa; e os senhores Human Bloom e Vicent Rotundo do consulado americano em Belém. Também marcaram presença o embaixador brasileiro em Washington, Walther Moreira Salles e o Diretor Geral dos Diários Associados, Jornalista e Deputado Federal João de Medeiros Calmon Nascimento. Entre as autoridades que recepcionaram os visitantes estavam o engenheiro Osvaldo Senra Pessoa, Gerente da Indústria e Comércio de Minérios S.A. e o embaixador Edmundo Barbosa da Silva, que viera ao Amapá conhecer as atividades do Instituto Regional de Desenvolvimento do Amapá-IRDA, instituição que integrava as ações da citada mineradora. A Guarda Territorial, sob o comando do tenente Uadih Charone prestou honras de estilo.

O embaixador estadunidense Lincoln Gordon passa em revista uma representação da Guarda Territorial que foi ao aeroporto internacional de Macapá apresentar-lhe as honras de estilo. Observem que os soldados da Guarda Territorial são rapazes egresso do Tiro de Guerra nº 130, contratados pelo governo territorial para aumentar seu contingente.
 O resto do dia foi preenchido com visitas a Fortaleza São José, Escola Doméstica, Fazendinha e o Marco-Zero do Equador. À noite, na residência governamental foi servido um jantar oferecido pelo governador e esposa. Dia 29/9, realizava-se uma importante reunião no Salão de Recreio da Piscina Territorial, então situado por trás do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, em área que hoje abriga uma quadra esportiva e o prédio do Centro de Processamento de Dados. O evento discutiu os problemas amapaenses e teve a participação de membros do governo territorial, representantes das classes conservadoras, estudantes, autoridades civis, militares, eclesiásticas, de populares e dos ilustres visitantes. O ato foi iniciado com a apresentação de um coro feminino composto por 300 vozes, dirigido pelo Padre Jorge Basile. Após a reunião a comitiva visitou a Escola Industrial de Macapá e outras unidades escolares edificadas no centro da cidade. O almoço foi servido no Recreio Amazonas, na área do CCH, onde residia o pessoal do Staff da ICOMI,em Vila Amazonas.

Na fotografia vislumbramos o Dr. Augusto Antunes, diretor-presidente da ICOMI e o embaixador Lincoln Gordon, com seu inseparável cachimbo, na entrada do Recreio Amazonas, área do CCH, em Vila Amazonas.
 Terminado o ágape, o Dr. Augusto Antunes levou visitantes e convidados a percorrerem a vila Amazonas e a área do porto, explicando-lhes minuciosamente seu funcionamento. Por volta das 15 horas ocorreu a viagem da comitiva a Serra do Navio, onde seus integrantes visitaram a mina de manganês, o beneficiamento e o embarque do minério nos vagões da Estrada de Ferro do Amapá. Todos ficaram impressionados com as instalações sociais, escolas, hospital, supermercado e residência de operários. No dia 1º de outubro, o Prof. Lincoln Gordon e seus acompanhantes regressaram ao Rio de Janeiro, depois de uma permanência de quatro dias no Amapá. Lincoln Gordon, que era professor de economia, esteve no Brasil entre 1961 e 1966, como embaixador dos Estados Unidos. 

A fotografia acima foi tirada por ocasião de um evento realizado na Associação dos Professores do Amapá-APA, e mostra o casal Luiz Mendes da Silva e sua esposa Inah Silva. A primeira dama conversa com uma integrante de um grupo de estudantes que mostrou a dança do marabaixo.
Notabilizou-se em 1960, ao ajudar a desenvolver a “Aliança Para o Progresso”, um programa estadunidense de assistência América Latina. Sua ação nos bastidores da política nacional foi fundamental em termos de apoio as articulações da oposição ao presidente João Goulart. Em 1962, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, Gordon e o presidente John Kennedy discutiram o gasto de 8 milhões de dólares para intervir nas eleições brasileiras e preparar o terreno para um golpe militar contra Jango Goulart e mantê-lo fora do Brasil devido sua tendência socialista.
A 10 de abril de 1962, o presidente João Goulart viajou aos Estados Unidos da América do Norte para avistar-se com o presidente John Kennedy. Na pauta das conversações a busca de soluções de sérios problemas econômicos entre Brasil e EUA. Ao retornar ao Brasil, João Goulart lançou o Plano de Reforma de Bases 
 Lincoln Gordon montou um esquema de dotações financeiras aos candidatos da oposição, usando como intermediários empresários e entidades. Em março de 1963, o governo americano impôs ao Brasil, condições vexatórias para conceder-lhe financiamento de 84 milhões de dólares e mais 314,5 milhões para o ano fiscal de 1964. Lincoln Gordon acompanhou de perto a conspiração de militares, políticos e empresários contra o presidente João Goulart. Nesta fase que antecedeu o golpe militar, o general Luiz Mendes da Silva,que exercia suas atividades sob o comando do general Humberto de Alencar Castelo Branco conviveu intensamente com o embaixador norte-americano e se tornou seu amigo.

Lincoln Gordon em sua residência nos Estados Unidos da América do Norte quando já estava aposentado. Depois de deixar o Brasil ele presidiu a Universidade Johns Hopkins, entre 1967 e 1971. Nascido em Nova Iorque, a 10 de setembro de 1913, faleceu em Mitchellville, Maryland, no dia 19 de dezembro de 2009, aos 96 anos de idade.
 Com a eclosão da revolução e a indicação de Castelo Branco para ocupar o cargo de presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Luiz Mendes foi nomeado governador do Território Federal do Amapá.Partiu dele o convite para Lincoln Gordon vir a Macapá. O Professor Lincoln Gordon chegou ao ponto de solicitar que o governo americano desse ao general Humberto de Alencar Castelo Branco apoio logístico e até militar se necessário, para afastar do cargo de presidente do Brasil o senhor João Goulart. Se os militares que apoiavam Jango Goulart tivessem resistido ao golpe, o Brasil seria invadido pela poderosa "Frota do Caribe" que se encontrava em águas brasileiras próxima ao Rio de Janeiro. A frota dispunha de 100 toneladas de armas leves e munições, navios petroleiros com capacidade para 130 mil barris de combustíveis, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com a garga de 50 aparelhos com tripulação e armamento completo, um porta-aviões classe Forrestal,seis destróieres, um encouraçado,além de um navio de transporte de tropas, e 25 aviões C 135 para transporte bélico.O deputado federal João de Medeiros Calmon Nascimento, que era ferrenho opositor de João Goulart, não poderia ficar fora do reencontro de alguns dos articuladores do golpe que implantou um regime de exceção no Brasil.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

PRIMEIRO DESFILE CÍVICO REALIZADO NA FORTALEZA SÃO JOSÉ

   PRIMEIRO DESFILE CÍVICO REALIZADO NA FORTALEZA SÃO JOSÉ

   Por Nilson Montoril
 
A Foto de 1952 nos revela a Fortaleza de Macapá inteiramente restaurada. À sua esquerda vemos o Trapiche Eliezer Levy e o igarapé do Igapó. A oeste, o local conhecido como Elesbão ainda não contava com a presença de moradores vindos da região das ilhas do Pará. Na faixa de terra junto ao Rio Amazonas existia o Parque Recreio, um lugar aprazível onde as programações governamentais destinadas aos servidores públicos eram realizadas.

                        No dia 7 de setembro de 1945, data da Independência do Brasil, a cidade de Macapá via pela primeira vez um desfile cívico realizado na Fortaleza São José. Desde cedo o povo saiu às ruas, rumando para a vetusta edificação militar, que ainda se encontrava em restauração. Ornamentada com galhardetes verde-amarelos e com enormes bandeiras do Brasil, nosso monumental patrimônio histórico, uma das sete maravilhas nacionais foi pouco a pouco sendo tomada por populares. A guarnição da briosa Guarda Territorial ali instalada, era a responsável pelos trabalhos de restauração. Vale dizer que, quando da instalação do governo do Território Federal do Amapá, a velha fortificação estava em ruínas. A Guarda Territorial não era apenas uma corporação paramilitar,mas também uma força tarefa para recuperação de prédios públicos e prestação de serviços comunitários. Por isso, contava com o concurso de pedreiros, carpinteiros, marceneiros, alfaiates, sapateiros e, atuando como mantenedores da ordem, reservistas de primeira categoria.
Na abertura dos desfiles cívicos na Fortaleza as autoridades territoriais os abriam com muito garbo.Quase todos os diretores de repartições públicas eram militares e a maioria ostentava a patente de tenente. Na fotografia acima destaca-se o trio onde o governador Janary Gentil Nunes desfila ao centro usando terno branco de linho, entre o Secretário Geral Raul Montero Valdez  e o Ajudante de Ordem  Rui Gama. Após o trio estavam os diretores e assessores do 1º escalão.

 Às 8 horas, o governador Janary Gentil Nunes chegava à Fortaleza São José, envergando seu uniforme de capitão da arma de Infantaria do Exército, sendo saudado pelos toques militares de estilo e hasteou o pavilhão nacional no mastro grande erguido no bastião de São José, o que atualmente é o mais próximo do Banco do Brasil. Enquanto a bandeira era hasteada a multidão cantava o hino pátrio. Houve saudação cívica realizada pelo governador e pelo capitão Humberto Pinheiro de Vasconcelos, diretor da Divisão de Segurança e Guarda e comandante da Guarda Territorial. Em seguida, ao rufo dos tambores da banda marcial dos escoteiros do Pará, que se encontrava na cidade desde o dia anterior, foi acesa uma garbosa tocha simbolizando a chama cívica que os brasileiros precisam cultivar. A parada cívica foi comandada pelo 1º Tenente Paulo Eleutério Cavalcante de Albuquerque, chefe do Serviço de Informações do governo territorial e estava primorosamente organizada. As entidades que desfilaram cobriram o curto trajeto entre os baluartes São Pedro e Nossa Senhora da Conceição. 
Em 1951, a Fortaleza já estava totalmente restaurada e abrigando, além da Guarda Territorial, algumas repartições do governo territorial. No dia da Pátria, os populares subiam nas muralhas para melhor presenciar o desfile cívico. O uso de roupa branca era predominante no meio da população. Ao fundo, as matas do atual bairro Santa Inês estavam preservadas.

A delegação da Federação Paraense de Escoteiros, chefiada pelo Capitão Gonçalo Lagos Castelo Branco Leão. Abriu o desfile ao som de sua contagiante banda marcial. Posteriormente, apresentaram-se os alunos do Grupo Escola r de Macapá, integrantes do Amapá Clube, Esporte Clube Macapá e Cumaú Esporte Clube. A Guarda Territorial fechou a para de 7 de setembro. Um acontecimento marcado por fortíssima emoção ocorreu por ocasião do desfile alusivo aos 125 anos da Independência do Brasil. O ex-pracinha Alfredo Fausto Façanha marcou sua presença envergando o uniforme do 6º Regimento de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira que usou nas batalhas de Montese, Pao e Castelo Novo, contra forças alemãs que ocuparam a Itália durante a segunda guerra mundial. Alfredo era natural do lugar Floresta, na região das ilhas do Pará, que, até a criação do Território Federal do Amapá, a 13 de setembro de 1943, pertenceu ao município de Macapá.

Por muito tempo alguns soldados da Guarda Territorial vestiam uniforme militar português da época colonial. A prática dava um ar nostálgico no meio dos que visitavam a Fortaleza em dias festivos e de devoção. Esses militares era os responsáveis pela detonação dos canhões, com salva de 21 tiros, usando apenas pólvora.

 Com a edição do ato que desmembrou do Estado do Pará as terras do atual Estado do Amapá, o Rio Amazonas passou a ser o limite natural entre as duas unidades administrativas do país. Nasceu em 1921 e ao ser convocado para a guerra tinha 23 anos de idade. Embarcou para a Itália em dezembro de 1944, desembarcando em Nápoles dia 8 de fevereiro de 1945, entrando imediatamente em atividade. Com a rendição dos alemães a 8 de maio de 1945, as hostilidades cessaram e os pracinhas brasileiros retornaram ao solo pátrio. Como soldado da 8ª Região Militar, contingente da Amazônia, Alfredo Fausto Façanha embarcou para o Rio de Janeiro no dia 6 de junho. Era filho de Augusto Fausto Façanha e Amélia Maria Façanha.á noite, no Cine-Teatro Territorial, o ex-pracinha participou de uma sessão cívica e narrou lances dramáticos dos combates em que esteve presente.

Em 1953, ocorreu o último desfile cívico na Fortaleza. O efetivo estudantil e de outras entidades que sempre participaram do evento forçaram sua realização em outro local. No flagrante vemos a tropa de Escoteiros do Mar Marcílio Dias a postos no baluarte Nossa Senhora da Conceição, local onde estava fincado o mastro para o hasteamento da Bandeira Brasileira e o palanque das autoridades. Dai, os participes do desfile tomavam o sentido do baluarte São Pedro. Observe como prevalecia o usa de roupa branca feita de linho por parte dos populares.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

ESCOLA DE CIVISMO:ESCOTEIROS E BANDEIRANTES



           ESCOLA DE CIVISMO: ESCOTEIROS E BANDEIRANTES

           Por Nilson Montoril(montorilaraujo@hotmail.com)
Famosa fotografia de Baden Powell, o fundador do escotismo. O movimento existe em todos os países do mundo e tem sido importantíssimo para moldar o caráter dos jovens que dele participam na forma dos princípios que o caracterizam. O grande oficial inglês, que faleceu aos 83 anos de idade, merece o reconhecimento expresso no cartaz acima: "Grande HOMEM Que Não Vamos Esquecer". Fui lobinho,escoteiro e chefe. Mantenho intactos meus ideais e a obediência à máxima de que: "Uma Vez Escoteiro,Sempre Escoteiro".
                        O marco inicial do escotismo é o acampamento que Baden Powell realizou na ilha de Browser, Inglaterra no verão de 1907, com o precípuo objetivo de colocar em prática os princípios contidos no livro “Aids to Scouting”, escrito por ele para uso de militares. O livro foi escrito antes de 1887, quando o autor ainda não compunha as tropas ingleses que foram lutar na África do Sul contra os Zulus,Ashantis e Matabeles. Em 1901, ao retornar a Londres, Baden Powell constatou que seu livro fazia muito sucesso entre as crianças e adolescentes e figurava como  compêndio nas escolas masculinas. Em 1908, B.P. concebeu o manual de adestramento intitulado “Escotismo Para Rapazes”. Em 1920, escoteiros de todas as partes do mundo reuniram-se em Londres, no 1º Jamboree Internacional, dando provas de que a escola de civismo idealizada por Baden Powell era sumamente importante para a educação dos jovens. No Brasil, o sucesso do movimento despontou a partir desse momento, mas as primeiras sementes já haviam sido plantadas por integrantes da Marinha de Guerra do Brasil que o conheceram em Londres, em 1910. No então Território Federal do Amapá, o Capitão Janary Nunes, governador dessa unidade federada era simpático ao movimento, tendo, inclusive, participado dele quando serviu no Estado do Paraná. Á Época, trabalhava em Macapá, ocupando a função de Inspetor de Ensino, o tenente Glicério de Souza Marques que também era chefe escoteiro. Janary Nunes o convidou para implantar o escotismo entre nós e mandou buscar em Belém dois jovens e promissores praticantes do movimento: Clodoaldo Carvalho do Nascimento e José Raimundo Barata. 

Flagrante fotográfico colhido em 1943, na frente da Prefeitura Municipal de Belém, ocasião em que os escoteiros foram apresentar suas despedidas ao Dr. Abelardo Condurú,que estava deixando o cargo de gestor municipal. Vários desses jovens escoteiros estiveram em Macapá, em setembro de 1945 e participaram da implantação do escotismo em nossa cidade.(foto contida no livro "Chefe Castelo, Escotismo e Feijianismo")
Os dois chegaram a Macapá no dia 20/8/1945, e imediatamente iniciaram suas atividades. A Associação de Escoteiros Veiga Cabral surgiu a 12/9/1945, contando com a presença de 22 jovens que integravam Federação Paraense de Escoteiros. Sob o comando do Capitão Castelo Branco presidente da citada entidade, os discípulos de BP chegaram a Macapá no dia 6 de setembro e aqui permaneceram até o dia 14. Desembarcaram no trapiche Eliezer Levy às 15 horas e, devidamente uniformizados, portando tambores, desfilaram pela ruas mais próximas do Rio Amazonas até o local do alojamento, situado na Rua Siqueira Campos (Mário Cruz), que correspondia a uma pensão mantida pela Madame Charlotte em um casarão que existia em frente à Prefeitura Municipal, que hoje abriga o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silvas. As refeições eram feitas na mesma rua, na casa da senhora  Josefa Picanço, tratada por Tia Zefinha pelos macapaenses.


Os quatro chefes escoteiros que estão em pé são: Raimundo Rodrigues da Silva (Façanha/Tropa Marcílio Dias, modalidade Mar), José Raimundo Barata (Tropa Veiga Cabral), Expedito Cunha Ferro (Tropa São Jorge) e Clodoaldo Carvalho do Nascimento (Tropa Veiga Cabral). Agachados vemos cinco dos primeiros integrantes do Clã de Pioneiros do escotismo amapaense: José Vidal Picanço, Benedito Alves de Sá, José Pereira da Costa (Mimim),João Gualberto Tavares da Silva  e Luciano Pantoja. A foto integrava o acervo do chefe Clodoaldo quando obtive uma cópia. O original foi doado à Tropa Veiga Cabral.
 No dia 7 de setembro os escoteiros paraenses participaram do primeiro desfile cívico realizado na Fortaleza São José, que ainda passava por restauração. Na manhã do dia 12, na Praça Capitão Augusto Assis de Vasconcelos (Veiga Cabral), ocorreu a apresentação de despedidas dos escoteiros paraenses e a fundação da Tropa Veiga Cabral. A 1 de setembro de 1946, na manhã de um belo domingo de sol, no mesmo local, aconteceu um ato cívico organizado pela Associação de Escoteiros Veiga Cabral e pela Federação das Bandeirantes de Macapá para a apresentação de seus novos integrantes. Após a Santa Missa houve o hasteamento do Pavilhão Nacional. Às 08h10min, o chefe Clodoaldo Carvalho do Nascimento proferiu uma bela oração ao movimento escoteiro. Às 08h20min, os novos escoteiros prestaram juramento e receberam de seus paraninfos os símbolos do escotismo. As 08h40min ocorreu o mesmo com as bandeirantes e fadas.

Clássica fotografia batida na Fazendinha,onde se realizava antigamente a programação do dia 13 de setembro,alusiva a criação do Território Federal do Amapá(1943). A Guarda de Honra à Bandeira estava formada, na primeira fila, pelos chefes Luciano Pantoja,Clodoaldo Carvalho do Nascimento(com a bandeira) e José Raimundo Barata. Pedro de Carvalho Monteiro e Expedito Cunha Ferro figuram na segunda fila. Todos foram pioneiros.Ainda vive o chefe Barata,em Belém.
 A seguir, os escoteiros fizeram demonstração de ordem unida, aplicação de ataduras, comunicação pelo código Morse, demonstração de educação física, giro do pórtico, corrida da tartaruga e corrida de obstáculos. As bandeirantes também demonstraram o uso do código morse por apito e semáforo, números de educação física,corrida da batata, corrida de três pernas e jogo do canguru. Eram 36 escoteiros e 25 bandeirantes que faziam parte do Grupo Ana Nery. Coube ao Chefe Clodoaldo Nascimento a preparação dos escoteiros e lobinhos. 

Nesta fotografia copiada do livro "Chefe Castelo, Escotismo e Feijianismo", escrito por Charles de Senna Mendes, vemos o general Gonçalo Lagos Castelo Branco Leão,que assumiu a direção do escotismo,no Pará,em 1932.Formado em direito, nunca exerceu a profissão devido a sua condição de militar. Presidiu a Federação Paraense de Escoteiros até 12/9/1949,quando transformou-a em Federação Educacional Infanto Juvenil-FEIJ.Prestou relevantes serviços ao escotismo do Amapá.
O Chefe José Raimundo Barata, que ainda reside em Belém, ficou com o encargo de instruir os rapazes integrantes do Clã de Pioneiros. Ainda no dia 1º de setembro, à tarde, os escoteiros realizaram jogos de voleibol e basquete, práticas esportivas que começaram a ganhar adeptos na cidade. À noite ocorreu animada festa dançante na casa da senhora Carmem Mendes Machado, genitora do escoteiro José Mendes Machado, o Machadinho. Essa residência estava edificada na Avenida Presidente Vargas esquina com a Cândido Mendes.

Simbolismo Escoteiro


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

FUNDAÇÃO DA UNIÃO BENEFICENTE DOS MOTORISTAS DO AMAPÁ






       UNIÃO BENEFICENTE DOS MOTORISTAS DO AMAPÁ

       Por Nilson Montoril

Imagem de São Cristovão intronizada em um singelo Oratório. é a configuração mais próxima do que diz a história a seu respeito, com o menino Jesus montado em seu ombro direito,tendo na mão direita, que manten erguida, o globo terrestre.
                        No dia 25/7/1952, fundava-se em Macapá a União Beneficente dos Motoristas do Amapá-UBMA, sociedade civil, beneficente, constituída por condutores de máquinas a explosão, profissionais e amadores, e todos aqueles que tinham ligação direta com aquele tipo de máquinas, sem qualquer distinção de nacionalidade, cor, raça ou religião. Dessa data em diante, uma comissão formada José Cardoso da Silva, Luiz Vitorino de Souza, Marcelino Ribeiro da Silva e Antônio Quintino de Menezes, membros da novel instituição, elaborou seu Estatuto, que foi aprovado em sessão de Assembléia Geral realizada no dia 23/12 do citado ano. A UBMA comemorou seu primeiro aniversário de fundação no dia 25/7/1953, consagrado a São Cristovão, padroeiro dos motoristas, e levou a efeito várias solenidades, constantes de novenas rezadas às 19h30min dos dias 22,23 e 24, e missa solene às 6h30min do dia 25. Após a missa ocorreu à benção dos carros, na Praça Veiga Cabral, e, em seguida teve inicio a procissão conduzindo a imagem do glorioso padroeiro.
O governador Janary Gentil Nunes e o Padre Aristides Piróvano fizeram parte da primeira diretoria da UBMA. O gestor territorial como Presidente de Honra e sempre apoiou a novel entidade O religioso como integrante do Conselho Fiscal. Ambos tinham "Carta de Motorista" e dirigiam normalmente. O Padre Aristides Piróvano também pilotava as motocicletas marca Guzzi que a Prelazia de Macapá possuía. Quando a UBMA foi criada, o religioso ainda não tinha sido nomeado bispo.Atuava com Administrador Apostólico do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras-PIME.

 Ás 8 horas do mesmo dia, no salão nobre do prédio da Prelazia de Macapá, houve a posse dos novos dirigentes da UBMA, eleitos para o biênio 1953-1954, em Assembléia Geral realizada no dia 30 de junho: Presidente de Honra: Tenente Coronel Janary Gentil Nunes, governador do Território Federal do Amapá; Presidente: Amilcar da Silva Pereira; Vice-Presidente: Marcelino Ribeiro da Silva; 1º Secretário: Dr. Dário Gomes; 2º Secretário: Gilberto Jucá de Araújo; Tesoureiro: Veridiano Souza; Procurador Geral: Emanuel Pinheiro. O Conselho Fiscal era formado pelo Monsenhor Aristides Piróvano, Amiraldo Elleres Nunes e Juvenal Salgado Canto.    

Gilberto Jucá de Araújo era meu tio pelo lado paterno. Jovem forte e impetuoso recebeu a imcumbência de dirigir o caminhão FNM(Feneme-da Fábrica Nacional de Motores) que integrava a frota de veículos do governo. Fez parte da primeira diretoria da UBMA ocupando a função de 2º Secretário. Na foto que exibimos ele aparece junto ao pé do mirante do farol da Fortaleza São José, instalado no centro do Baluarte Nossa Senhora da Conceição.
                        São Cristovão, Christophorus em latim, é venerado por fiéis da igreja católica, ortodoxa do oriente, anglicana, luterana e umbandistas. No oriente, a festa desse santo ocorre no dia 9 de março. No ocidente, as comemorações acontecem no dia 25 de julho. O nome Christophorus, em grego, significa “aquele que carrega Cristo”. Na Legenda Áurea, uma compilação de histórias de Santos do século XIII, Cristovão é citado como filho de um rei pagão em Canaã ou na Arábia, cuja esposa engravidou depois fervorosas preces ao deus Apolo. A criança recebeu o nome de ‘ Reprobus (Offerus) e ao alcançar a fase adulta causava admiração devido a sua compleição física de gigante. Decidido a servir aos mais fortes e destemidos vinculou-se a um individuo muito valente, mas que tinha medo do diabo. Isso foi o bastante para que Cristovão fosse oferecer seus préstimos ao próprio diabo. Fez isso até perceber que seu chefe tremia diante de uma cruz fincada à beira de uma estrada ou algo semelhante a ela compreendendo um esteio com uma placa sinalizadora na bifurcação de caminhos.

Juvenal Salgado Canto iniciou suas atividades em Macapá operando motor de popa Archimedes de 12 HP. Depois foi mandado dirigir um Jeep do Serviço de Geografia e Estatistica do governo territorial. Como não sabia encaixar a marcha ré, sempre deixava o carro em lugar inclinado.Na hora de sair bastava desengatar o veículo e deixá-lo descer o aclive. Com o tempo tornou-se eximio condutor de carros, empresário e dedicado político. Foi um dos três integrantes do primeiro Conselho Fiscal da UBMA.







 Certa vez presenciou um eremita aproximar-se de uma cruz, abraçá-la e beijá-la. Vendo nesse gesto uma prova de grande coragem, aproximou-se do eremita propondo fazer-lhe companhia em suas jornadas. O eremita educou Cristovão na fé cristã e o convenceu a prestar ajuda aos viajantes que precisavam transpor um caudaloso rio com forte correnteza. Certo dia, Cristovão viu uma criança postada à margem do referido rio e, colocando-a sobre o ombro direito iniciou a travessia. A cada passo dado, Cristovão sentia que o peso da criança aumentava. Chegando à outra margem, bastante cansado ouviu o menino dizer: “Tivestes às costas mais que o mundo inteiro. Transportastes o criador de todas as coisas. Sou Jesus Cristo, aquele a quem serves”. Jesus mandou Cristovão fincar seu bastão na terra. No dia seguinte, o cajado havia se transformado em uma exuberante palmeira.

O motorista que vemos na fotografia chamava-se oficialmente Osiel Borges. Popularmente era conhecido como Fortaleza.No flagrante que evidenciamos ele está entrando no caro que dirigia nas horas de folga do serviço público, prestando serviço como "motorista de praça". Foi um dos mais conhecidos condutores de carro de aluguel de Macapá.A fotografia nos revela um trecho bastante conhecido de Macapá, a Av. Coriolano Jucá, entre as Ruas Cândido Mendes e São José.Ao fundo vemos os prédios do Banco do Brasil e do então Forum,hoje sede da OAB-AP.
                      São Cristovão viveu na época das perseguições aos cristãos movidas pelos romanos quando era Imperador Caio Méssio Quinto Trajano Décio, que governou de 249 a 251 depois de Cristo. Capturado pelo governador da Antioquia foi martirizado de forma cruel e depois decapitado no dia 25 de julho de 250 depois de Cristo. A Antioquia era então uma região situada entre a Síria e a Abissínia, hoje cidade de Antakia, pertencente à Turquia. As narrativas sobre São Cristovão começaram a se espalhar pelo mundo a partir do século VI, notadamente na França. Foi canonizado no século XV, mas o Concilio Vaticano II, em 1969, julgou que havia poucas evidências históricas da existência de santidade nele. O mesmo aconteceu com outros 199 mártires do cristianismo, entre eles São Jorge. No sincretismo afro-brasileiro São Cristovão é equiparado ao orixá Xangô. 


O médico Amilcar Pereira da Silva iniciou suas atividades profissionais no Amapá dirigindo a Unidade de Saúde de Oiapoque. Muito cordial com as pessoas logo angariou um imenso circulo de amigos. Na fotografia ele aparece ao lado do João Batista de Azevedo Picanço, o Tio Joaõzinho, tesoureiro da Prefeitura de Macapá e depois do Território Federal do Amapá. Foi o primeiro presidente da UBMA.
O Concilio Vaticano II, convocado a 25 de dezembro de 1961, pelo Papa João XXIII e por ele instalado dia 11 de outubro de 1962, reuniu 2.000 prelados que discutiram vários temas visando atualizar a Igreja Católica. Cerca de 200 santos, cuja existência não tem sólidas convicções históricas, foram removidos do calendário católico. A Igreja aceita a devoção aos santos cassados e o culto aos mesmos, mas eles não fazem parte do Calendário Litúrgico e por isso não têm direito a missa e orações específicas. Entretanto, o povo manteve neles sua devoção. São Cristovão é o padroeiro dos solteiros, marinheiros, viajantes, epiléticos e dos jardineiros. Abranda as tempestades, favorece que seus devotos tenham uma santa morte e se livrem da dor de dente. 
Veridiano Souza sempre foi um cidadão participativo.Integrou a primeira equipe de mecânicos de máquinas pesadas do governo do Território Federal do Amapá e, quando aposentou-se passou a trabalhar com um carro guincho demonstrando a mesma dedicação a sua profissão. Nesta cópia de fotografia, escaneada do histórico que a própria família elaboru e me ofertou, Veridiano está recebendo um carinhoso beijo de sua esposa Andaoa Cherfen de Souza.Ambos já desencarnaram do verbo e seus restos mortais estão enterrados no Cemitério São José, em Macapá. Foi o primeiro Tesoureiro da UBMA.
A oração que os motoristas devem fazer pedindo a intercessão de São Cristovão é a seguinte: “Daí-me Senhor, firmeza e vigilância no volante, para que eu chegue ao meu destino sem acidentes. Protegei os que viajam comigo. Ajudai-me a respeitar a todos e a dirigir com prudência. E que eu descubra vossa presença na natureza e em tudo o que me rodeia”. 

Amirando Elleres Nunes era odontólogo e desempenhou relevantes funções públicas no Território do Amapá.Era primo do governador Janary Gentil Nunes e portava-se com relativa simplicidade em relação aos amigos menos aquinhoados financeiramente. Junto com o Bispo Aristides Piróvano e Juvenal Salgado Canto integrou o primeiro Conselho Fiscal da União Beneficente dos Motoristas do Amapá.Deixou Macapá apóis a revolução militar de 31 de março, indo fixar residência em Belém. Já não integra o mundo dos vivos.