terça-feira, 1 de outubro de 2013

GUATEMALTECOS EXILADOS PASSAM PELO AMAPÁ

      GUATEMALTECOS EXILADOS PASSAM PELO AMAPÁ

      Por Nilson Montoril
 
Em 1947, o advogado Coaracy Gentil Nunes toma posse no cargo eletivo de deputado federal, na condição de representante do Território Federal do Amapá. Foi eleito no pleito realizado no dia 19 de fevereiro de 1947, sem concorrente. Em 1950, obteve nova vitória nas urnas e em 1954, iria tentar a reeleição pela segunda vez. Coaracy Nunes era identificado na Câmara Federal como " Deputado da Amazônia", porque não se atinha apenas a defender as causas do Amapá,mas sim de todas as unidades da região Norte do Brasil.
                        No dia 15 de setembro de 1954, o jurista Theodoro Arthou, subprocurador da Justiça do Distrito Federal assumia interinamente o governo do Território Federal do Amapá, em substituição ao major Janary Gentil Nunes. A medida decorreu do fato do 1954 ser um ano eleitoral e os membros do Partido Trabalhista Brasileiro terem requerido que a executiva nacional cobrasse a intervenção do presidente João Café Filho no Amapá, no sentido de promover a imparcialidade governamental no pleito. Os petebistas temiam que, mais uma vez, os janaristas, donos do poder, repetissem práticas ilegais evidenciadas nas eleições passadas, quando se valeram do serviço público para pressionar os eleitores da aposição. O deputado federal Coaracy Gentil Nunes, irmão do gestor substituído, iria concorrer à reeleição pela segunda vez e ocupava o cargo eletivo na Câmara Federal desde fevereiro de 1947. Theodoro Arthou manteve sua interinidade com absoluta lisura, mesmo conservando inalterado o quadro diretivo do governo. Assim foi até o dia 9 de outubro, quando a apuração dos votos havia sido encerrada. A vitória de Coaracy Nunes foi incontestável: 3.471 votos contra 556 do candidato do PTB, senhor João Bruno Alípio Lobo, um carioca que jamais estivera antes do pleito no Amapá. Transcorrida a eleição, Janary Nunes reassumiu o caro de governador no dia 10 de outubro. A 19 de setembro de 1954, quatro dias após sua posse, Theodoro Arthou recebeu a incumbência do governo brasileiro para recepcionar 34 cidadãos da Guatemala que haviam solicitado exílio político ao Brasil assim que rebentou naquele país a rebelião militar liderada pelo coronel Carlos Castillo Armas e culminou na deposição do presidente Jacobo Arbenz Guzmán. 
O cartaz acima formulava convite ao povo para participar do 59º aniversário da tomada do poder na Guatemala, cujo ponto inicial foi o ano de 1951, quando o coronel Jacobo Arbenz Guzmán assumiu a presidência daquele país. O ato público aconteceu no dia 28 de março de 2010, domingo,às 11 horas, no Monumento ao Soldado do Povo, assim chamado o ex-presidente que os norte-americanos hostilizaram e conseguiram afastar do poder graças a um golpe militar comandado pelo coronel Carlos Castillo Armas. Na gestão de Jacobo Arbenz a tendência esquerdista era flagrante e a influência comunista no país estremeceu as relações entre a Guatemala e os Estados Unidos da América.
                     Os guatemaltecos estavam refugiados na embaixada brasileira e foram transportados para o Rio de Janeiro em avião da Força Aérea Brasileira. Ao penetrar no espaço aéreo do Brasil, o aparelho realizou um pouso na Base Aérea de Amapá e outro em Macapá. Na capital amapaense os exilados foram saudados pelo governador interino e dele ouviram votos de boas vindas. Entre os exilados havia 3 parlamentares, 5 estudantes universitários e 26 trabalhadores com especializações diversas. À época, o aeroporto de Macapá ocupava área do centro da cidade, espaço compreendido entre a rua General Rondon uma reentrância do lago do Pacoval, hoje cortada pela rua Professor José Barroso Tostes e delimitado pelo trecho da avenida FAB.Os guatemaltecos requereram exílio porque temiam represálias dos correligionários do coronel Carlos Castillo. O presidente deposto sempre demonstrou tendência esquerdista no exercício do cargo e instituíra reformas sociais e agrárias, além de expropriar as terras com plantações de bananas, quase todas pertencentes a companhias norte-americanas, entre elas a poderosa United Fruit Company. A influência comunista no regime de Jacobo Arbens levou a Guatemala a uma restrição das relações com os Estados Unidos da América. Com a ajuda americana, Carlos Castillo Armas, que era agente da CIA, derrubou o coronel Arbens e devolveu as terras expropriadas aos estrangeiros.
O coronel Carlos Castillo Armas era agente da CIA e recebeu ajuda americana para derrubar o presidente Jacobo Arbenz. Em 1957 ele foi assassinado dentro do Palácio Nacional de La Cultura.
Alguns dos transportados eram camponeses e, no regime socialista, chegaram a receber terras para cultivar. O coronel Carlos Castillo participou ativamente da revolução e fez parte da junta militar que assumiu o governo da Guatemala, dia 26 de junho, e se conservou na ativa até 8 de julho de 1954. Nesta data, Carlos Castillo foi empossado como presidente, mas a 26 de julho de 1957, morreu assassinado dentro do Palácio Nacional de La Cultura. Seu substituto foi Elfego Hermán Monzón Aguirre, que também fizera parte da junta militar. Entre os assessores de Jacobo Arbens encontrava-se o médico argentino Ernesto Guevara de La Serna, que havia chegado à Guatemala em dezembro de 1953. Guevara fugiu para o México após a queda do citado presidente, onde conheceu Raul Castro, atual presidente de Cuba, que o apresentou ao irmão Fidel Castro. A partir de então, Ernesto passou a ser chamado simplesmente de Che Guevara. 

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